O Brasil tem hoje 10,7 milhões de pessoas com deficiência auditiva, sendo que 2,3 milhões deles têm deficiência severa. Dentre esse grupo, 9% nasceram com essa condição e tiveram problemas de adaptação ao sistema de ensino tradicional. Com isso, encontraram alguma barreira durante a sua escolaridade e vida profissional e, por isso, somente 7% deles têm ensino superior completo.
Duas a cada três pessoas com deficiência auditiva relataram na última pesquisa do Instituto Locomotiva e da Semana da Acessibilidade Surda ter problemas com atividades do cotidiano, refletindo em menos oportunidades de integração nos momentos de lazer e menores chances no mercado de trabalho.
Para que os surdos possam se comunicar de forma eficiente, grande parte deles tem educação especial em Língua Brasileira de Sinais (Libras), de modalidade gestual-visual em que é possível se comunicar por meio de gestos, expressões faciais e movimentos corporais. Libras é considerada uma língua oficial do Brasil desde abril de 2002, através da Lei nº 10.436.
Outro método para ajudar os deficientes auditivos são alguns cartões com figuras que representam ações básicas como fome, sede, vontade de ir ao banheiro, dor ou sono. Neste caso, normalmente, utilizam-se esses cartões em volta do pescoço e pedem ajuda para a pessoa mais próxima.
O cenário educacional da pessoa com deficiência auditiva no Brasil
A presença da deficiência auditiva não impede e nem dificulta o acesso e processamento de informações, mas a falta de um intérprete de Libras e materiais necessários para que o surdo possa desenvolver habilidades de leitura e escrita podem se tornar barreiras nessa jornada de aprendizado. Isso faz com que o aluno tenha dificuldades no processo e comece a se desenvolver mais lentamente do que os demais alunos da sala.
Neste cenário, a atitude comumente tomada em ambientes educacionais é o de excluir a criança, adolescente, jovem ou adulto, restringindo as suas entregas e não oferecendo alternativas de ensino. Com dificuldade em interagir e se sentir aceito diante de um grupo, é comum que deficientes auditivos se reúnam em associações com outros surdos que também sentem que não têm as mesmas oportunidades, dificultando ainda mais a sociabilização.
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Conseguir alfabetizar uma criança surda não é uma tarefa fácil, pois muitas vezes elas recebem o conteúdo de forma dobrada. Afinal, precisam aprender a escrever em português enquanto também aprendem os gestos em Libras. Tudo isso, caso não seja feito com orientação de um bom profissional do mercado, pode sobrecarregar a criança, aumentar a sua carga de estresse e estimular a discriminação das outras crianças ouvintes.
Apesar de já ser reconhecida como segunda língua oficial do Brasil, são poucos os professores que detém um conhecimento básico em Libras, o que dificulta ainda mais a interação com os alunos surdos, já que o grande foco do ensino brasileiro é voltado para a oralidade e no Português escrito durante as aulas, restando ao deficiente recorrer a outros métodos para que possa absorver o conteúdo, como pedir para alguém traduzi-lo na língua dos sinais posteriormente.
O futuro é inclusivo
De acordo com a OMS, hoje existem 500 milhões de pessoas com deficiência auditiva no mundo e esse número só tende a crescer: a perspectiva é de que em 2050 seja 1 milhão de pessoas com deficiência de leve à severa. Ou seja, ao longo dos próximos anos, a necessidade por um setor de ensino inclusivo será mandatória.
Em 2020, o Enem recebeu mais de 5,1 milhões de inscrições em todo o Brasil e desde total, 2487 pessoas têm alguma deficiência auditiva, 1.353 são totalmente surdos e 134 possuem surdocegueira, ou seja, são cegas e surdas. Antes de realizar o exame, é preciso abrir uma solicitação de acessibilidade para a realização das provas e, no ano em questão, foram documentadas 52 mil solicitações de pessoas com deficiência (visual, auditiva, intelectual ou física).
Esse alto índice de procura pelo Enem revela um maior desejo dos surdos de dar continuidade aos estudos, encontrar uma posição no mercado de trabalho e ter a possibilidade de ser independente. Qualificar e formar profissionais da área de educação para que estejam aptos a receber deficientes auditivos com técnicas inclusivas a respeito à diversidade e multiculturalidade em que estão inseridos é um dos caminhos para poder diminuir essa barreira e oferecer as mesmas oportunidades para todos.
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