Em 31 de agosto de 1870, na cidade italiana de Chiaravalle, nascia Maria Montessori: a mulher que revolucionou a educação infantil. Alcançou o mundo inteiro com o método Montessoriano – ou Pedagogia Científica, como ela mesma intitulou.
Maria nasceu em uma família tradicionalmente católica. E, por isso, enfrentou bastante resistência por parte dos pais quando decidiu cursar medicina na Universidade de Roma. Tornando-se, em 1896, uma das primeiras médicas italianas.
Como sua atuação médica era restrita, pois mulheres não podiam examinar corpos masculinos na época, Maria Montessori passou a atuar na psiquiatria. Lá percebeu a forma desumana como crianças deficientes eram tratadas.
Estudando a questão, a italiana conheceu o trabalho do médico e educador francês Séguin. Encantando-se com as observações dele, ela chegou a traduzir manualmente um de seus livros.
Com base nos estudos sensoriais de Séguin, a médica notou que os “atrasos” das crianças com distúrbios de aprendizagem e comportamento poderiam ser muito mais pedagógicos do que clínicos. Estudando a obra do pesquisador francês, Maria Montessori desenvolveu muitos dos materiais que seriam, mais tarde, utilizados nas escolas que adotam seu método.
De médica a educadora
Dois anos após sua formatura em medicina, Montessori, aos 28 anos, participou do Congresso Médico Nacional. Lá, defendeu sua tese de que um ambiente ausente de estímulos é o principal fator de atraso no aprendizado dos pequenos.
Foi nesse congresso que aconteceu um famoso episódio na vida de Maria Montessori: ao terminar sua defesa, um médico da plateia perguntou a ela porque se preocupava tanto com aquelas crianças, já que eram incapazes de aprender. A médica respondeu: “Elas podem. São os senhores que não permitem”.
Pouco tempo depois, a médica passou a trabalhar com a Liga para a Educação de Crianças com Retardo. Lá, foi escolhida com o colega Giusseppe Montesano, para ser codiretora da Escola Ortofrênica – instituição dedicada a crianças com necessidades especiais. As crianças dessa escola, além de alunas, também foram objetos de pesquisa para a consolidação do Método Montessoriano.
Montessori, inspirada pela obra de Séguin, percebeu que os alunos tinham maior interesse por tudo que pudessem sentir. Passou, então, a empregar e melhorar os materiais sensoriais do pesquisador.
Prática
A fim de comprovar a eficácia de seus estudos, a médica decidiu inscrevê-los nos testes nacionais de educação da Itália. Como resultado, os alunos da Escola Ortofrênica alcançaram resultados melhores do que boa parte dos alunos considerados “normais” e provenientes das escolas tradicionais.
Em 1901, a médica mergulhou nos estudos de Pedagogia e Antropologia. Ela chegou a dar aula na Escola de Pedagogia da Universidade de Roma, onde se formou anos antes.
Foi em 1907 que Maria Montessori foi convidada para dirigir a Casa dei Bambini, o palco da maior revolução educacional em todo o mundo.
A princípio, a Casa dei Bambini (Lar das Crianças, em tradução livre) era pra ser uma creche comum, criada pelo governo de Roma para “confinar” as crianças durante a construção de um conjunto habitacional em um bairro pobre da capital e, assim, evitar que elas pichassem e vandalizassem a obra.
Montessori viu nisso uma oportunidade de trabalhar com crianças que não apresentavam nenhuma característica especial, comprovando que seu método poderia ser universal e não apenas clínico. Lá, a pedagoga aplicou seu método e ela mesma ficou boquiaberta com os resultados alcançados.
Outro episódio marcante na trajetória de Montessori foi quando, sob pressão dos pais, ela usou seu método para ensinar as crianças a escreverem. O resultado foi tão satisfatório que elas próprias ficaram surpresas ao “descobrirem” que já sabiam escrever; elas saíram pelas ruas do bairro escrevendo no chão e nas paredes.
Método Montessori
Na experiência da Casa, Maria passou vinte e um dias em uma fazenda escrevendo O Método da Pedagogia Científica Aplicado à Educação Infantil no Lar das Crianças (em português, a obra se chama Pedagogia Científica). O livro ajudou o método a se consolidar por todo o mundo.
Após o feito na Casa dei Bambini, Maria Montessori seguiu em viagens por todo o mundo ministrando aulas e palestras sobre seu método. Ela abriu escolas, capacitou profissionais e publicou materiais em diversos países.
Na Itália, o método foi fortemente cortejado pelo ditador Mussolini, que tentava de diversas formas fazer da pedagoga uma aliada. No entanto, em contradição à educação Montessoriana, o governo diminuía as liberdades da população. E isso, fez com o que Maria deixasse o país em 1934.
Sua fuga para Barcelona – depois para Holanda -, fez com que todas as escolas que adotavam o método na Itália fossem fechadas. O mesmo aconteceu na Alemanha nazista.
Em 1939 Maria Montessori foi convidada para dar um curso na Índia. Lá ficou presa até 1946 pelo governo britânico, por conta da Segunda Guerra Mundial. De volta à Holanda, onde passou seus últimos anos de vida, Montessori participou com notável presença da Unesco. Em 6 de maio de 1952, faleceu por conta de uma pneumonia.
Legado
Apesar do método Montessoriano ter passado alguns anos em desuso após a morte de sua desenvolvedora, hoje é muito popular em escolas do mundo inteiro. No Brasil, por exemplo, o método tem se tornado cada vez mais sólido. Há cerca de 56 escolas montessorianas em todo o território nacional.